Quando se ama qualquer movimento pode ser em falso. um suspiro, uma
palavra fora de contexto, um gesto, um desabafo, até um silencio podem
mudar a rotação da Terra. Por isso rio-me muito da minha tristeza, finjo
que não é nada comigo e espero que um dia possa sair desta concha e a
minha vida mude. Mas eu não sei esperar, não sei aceitar, não sei ceder.
Só sei sonhar, desejar e querer. Sonho muito, quero, desejo com muita
intensidade e quero sempre mais, por isso respiro fundo, conto até dez, e
depois outra vez até dez, e, quando dou por mim, já vou em mais de cem e
nada mudou. Não tenho respostas para a espera. Mas falta-me a
inspiração dos teus ombros sobre o meu corpo, a segurança do cheiro da
tua pele, a tua cara a dormir na almofada ao meu lado. Falta-me o teu
tempo e a tua respiração. Falta-me a tua mão na minha, quando ando na
rua. E o teu olhar a envolver-me como um manto e o teu coração a bater
ao mesmo tempo que o meu. Fazes-me falta. E a falta que me fazes não se
resgata nas palavras, nas esperas . Mas mesmo assim, escrevo, e quem
sabe, um simples blog contenha a chave da liberdade. Tenho a certeza de
que me ouves, tenho a certeza de que me vais ajudar, tenho a certeza de
que tu, à tua maneira - e é tão estranha forma como os homens gostam de
nós -, ainda gostes de mim. Mesmo que já não me ames, ainda gostas, como
eu vou aprender a gostar de ti quando a vida obrigar a desistir desse
amor. Estás longe, mas olhas para mim por entre memorias, presentes e
flores.