domingo, 23 de junho de 2013

hora R. VII

Quando se ama qualquer movimento pode ser em falso. um suspiro, uma palavra fora de contexto, um gesto, um desabafo, até um silencio podem mudar a rotação da Terra. Por isso rio-me muito da minha tristeza, finjo que não é nada comigo e espero que um dia possa sair desta concha e a minha vida mude. Mas eu não sei esperar, não sei aceitar, não sei ceder. Só sei sonhar, desejar e querer. Sonho muito, quero, desejo com muita intensidade e quero sempre mais, por isso respiro fundo, conto até dez, e depois outra vez até dez, e, quando dou por mim, já vou em mais de cem e nada mudou. Não tenho respostas para a espera. Mas falta-me a inspiração dos teus ombros sobre o meu corpo, a segurança do cheiro da tua pele, a tua cara a dormir na almofada ao meu lado. Falta-me o teu tempo e a tua respiração. Falta-me a tua mão na minha, quando ando na rua. E o teu olhar a envolver-me como um manto e o teu coração a bater ao mesmo tempo que o meu. Fazes-me falta. E a falta que me fazes não se resgata nas palavras, nas esperas . Mas mesmo assim, escrevo, e quem sabe, um simples blog contenha a chave da liberdade. Tenho a certeza de que me ouves, tenho a certeza de que me vais ajudar, tenho a certeza de que tu, à tua maneira - e é tão estranha forma como os homens gostam de nós -, ainda gostes de mim. Mesmo que já não me ames, ainda gostas, como eu vou aprender a gostar de ti quando a vida obrigar a desistir desse amor. Estás longe, mas olhas para mim por entre memorias, presentes e flores.